quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Bife Condenado




O gosto pelas plantas, desde a Antiguidade
Esta onda está crescendo. Seria o reinício de uma tradição milenar, como sugere a lista dos vegetarianos de ontem e de hoje, que você lê abaixo.

Zoroastro (628 a.C.-551 a.C.), religioso persa
Pitágoras (580 a.C.-500 a.C.), matemático grego
Sócrates (470 a.C.-399 a.C.), filósofo grego
Ovídio (43 a.C.-17 d.C.), poeta romano
Leonardo Da Vinci (1452-1519), pintor italiano
Isaac Newton (1643-1727), físico inglês
Voltaire (1694-1778), poeta francês
Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão
Charles Darwin (1809-1882), naturalista inglês
Franz Kafka (1883-1924), escritor tcheco
John Lennon (1940-1980), músico inglês
Linda McCartney (1941-1998), empresária inglesa
Brad Pitt (34 anos), ator
Brigitte Bardot (64 anos), atriz
Brooke Shields (33 anos),atriz
Claudia Schiffer (27 anos), modelo
Dustin Hoffman (62 anos), ator
Kim Basinger (45 anos), modelo
Martina Navratilova (43 anos), tenista
Paul McCartney (56 anos), músico
Richard Gere (49 anos), ator
Steve Jobs (43 anos), empresário
Sting (47 anos), cantor
Yoko Ono (65 anos), artista plástica


*P.s.: Levemos em consideração, por favor, que esta matéria foi publicada em 1998, gente!!!


Experiências recentes associam a carne vermelha a seis tipos de tumor. Três mil especialistas reunidos no Rio de Janeiro alertam para ter cuidado com ela.

por Denis Russo Burgierman, com Sônia Maia, de Londres

De acordo com o julgamento das maiores autoridades do planeta no combate ao câncer, só o cigarro pode ser mais perigoso do que uma picanha na brasa. Daqui para a frente, o rodízio e outros cultos da carne passam a ser o inimigo público número 2 segundo a bancada de juízes reunida no 17º Congresso Mundial do Câncer, em agosto, no Rio de Janeiro. Quem acha que essa é outra moda passageira vai mudar de idéia quando ficar sabendo que, segundo os médicos, 35% de todas as mortes por câncer se devem, em boa parte, ao abuso no consumo de filés, lombos e lingüiças.
Bye bye, fraldinha
“Quem come mais de 140 gramas por dia deveria pensar em reduzir a cota”, disse à SUPER o oncologista inglês John Cummings, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Ou seja, se você é um carnívoro moderado e só ingere, diariamente, o equivalente a dois hambúrgueres médios de qualquer modalidade de carne vermelha (o que inclui boi, porco e os outros mamíferos comestíveis),
é melhor cortar um deles já. E se você é daqueles que não passam 24 horas sem deglutir uma portentosa fraldinha grelhada, é melhor procurar um nutricionista e se submeter a uma reeducação alimentar geral.
Nos países ricos o trauma será menor porque boa parte da população já vinha empurrando o vermelho para fora da paleta alimentar. Agora, com o veredicto dos cancerologistas, o destino do bife mal passado, no mundo todo, é se tornar ator coadjuvante em cardápios cada vez mais dominados por plantas e por delicadas receitas à base de peixes e frangos.

Os venenos que a proteína esconde

A lista de doenças atribuídas ao bife não é apenas impressionante. Ela está crescendo. Para se ter uma idéia, até o início dos anos 90, a preocupação dos médicos concentrava-se nos males da gordura animal para o coração. Os fanáticos do espeto corriam alto risco de ataques cardíacos, hipertensão e aterosclerose. “Como a proteína vermelha tem muita gordura, ela aumenta as taxas de colesterol, um entupidor de artérias”, diz Bruno Debenois, diretor de Nutrição da Organização Mundial da Saúde.
Nesta década os médicos perceberam que também tinham que se preocupar com outra sinistra coleção de moléstias, a dos tumores malignos. Até 1990, apenas um câncerhavia sido relacionado ao açougue, o do intestino, o terceiro que mais mata no mundo. Mas, de lá para cá, apareceram os da boca, da faringe e do estômago, o campeão de mortes no Brasil. E, este ano, estudos preliminares estão revelando ataques a mais dois órgãos, o seio e a próstata. Segundo previsões do Instituto Nacional do Câncer, os tumores do estômago terão sido responsáveis

Não está claro, ainda, qual é o elo entre a proteína vermelha e a proliferação de células malignas nos órgãos da digestão, mas que ele existe, existe. Há cinco suspeitos. Um deles é a gordura. “Ela dificulta a digestão, forçando o fígado e o estômago a produzir ácido em excesso”, explicou à SUPER o oncologista suíço Fabio Levi, da Universidade de Lausanne. “E a corrosão das paredes do intestino pode provocar mutações cancerígenas”, afirma ele.




Abaixo o bem-passado
Outra hipótese é a de que o enxofre contido nos medalhões e escalopes possa estar participando de uma conspiração terrível, ao lado de uma infinidade de pequenas foras-da-lei. São as bactérias moradoras do intestino, denuncia o oncologista Cummings. “É quase certo que as toxinas expelidas pelas bactérias ao devorar o enxofre colaboraram para o aparecimento da doença.” No começo deste ano, Cummings fez uma experiência que confirma a hipótese (veja infográfico abaixo, à esquerda).
Outra substância perigosa contrabandeada para dentro do organismo é o chamado amino heterocíclico. Apesar de não existir nas proteínas cruas, ele é criado pelo calor da grelha ou da panela, formando aquele pretinho crocante dos churrascos e das frituras. “Os aminos acabam no interior das células, onde se ligam ao DNA e provocam mutações cancerígenas”, diz Barbara Pence, da Universidade Técnica do Texas, nos Estados Unidos. Ela demonstrou que, em altas doses, esses compostos chamuscados atacam o intestino e o estômago de ratos. O saborosos suspeitos foram também associados ao câncer do seio.

Quinteto de morte
As duas últimas substâncias incriminadas são o alcatrão, o mesmo do cigarro, contido na fumaça que sobe da picanha na brasa, e, pasmem, o sal que recobre a tradicional carne seca. Sozinho, ele é inofensivo. Mas, misturado a uma substância de nome arrevesado, o N-nitrosamida – segregado pela ligeira fermentação da carne ao sol – se transforma numa toxina cancerígena. Diante de um quinteto nefasto como esse, fica difícil ignorar os riscos da proteína vermelha.

Em 1981, o empresário Vital Zurita representava uma raridade no Brasil. Fundador do restaurante Sativa, em São Paulo, ele era um dos poucos a servir comida natural no país. Quase vinte anos mais tarde, segundo ele, a situação se inverteu. “Naquela época, era quase impossível pedir um prato que não tivesse proteína animal”, lembra. “Agora, a concorrência é grande e até as churrascarias têm mais opções de saladas do que de assados.”
Menos desperdício
As folhas, grãos, frutas e outros vegetais também ajudam a aumentar a diversidade protéica à mesa e ainda acrescentam ingredientes que nem sempre existem nos frigoríficos, como as vitaminas e os carboidratos (veja no quadro abaixo à esquerda). “Esses itens são essenciais para que as proteínas sejam absorvidas e bem utilizadas”, ensina a nutricionista brasileira Flora Spolidoro. Os carboidratos fornecem energia para montar as moléculas; as vitaminas e os minerais controlam as reações químicas, evitando desperdício de matéria-prima.
“O segredo da boa saúde é mesmo a variedade”, afirma o gastroenterelogista Dan Weitsberg, editor da Revista Brasileira de Nutrição Clínica. Consumindo de tudo um pouco, o corpo aproveita melhor o que entra. O oncologista Saxon Graham, da Universidade do Estado de Nova York, diz que dá para garantir a saúde mesmo consumindo carne todos os dias, desde que não faltem vegetais no menu. “Se ela eleva o risco de câncer”, argumenta ele, “as plantas, em compensação, reduzem o perigo.” Saxon lembra que não se sabe bem como a coisa funciona, mas o fato é que quem tem uma boa dieta verde conquista a capacidade de consertar danos feitos pela carne no DNA, antes que os estragos virem tumor. É, ao mesmo tempo, uma boa notícia e um argumento definitivo a favor de mais pluralidade na bandeja.



A solução é dizer não ao sofrimento animal (Que deveria falar mais alto por sinal, não?)


[Muito grão, gente! Grãos, grãos, grãos, santo grão! Ricos em proteína...)

Não é só uma frase de efeito. Aqui, como em muitos países, rola, mesmo, uma onda verde, que tende a afogar os adeptos da lingüiça em um mar de almeirão. Uma pesquisa feita em outubro pela revista americana Cancer mostra que houve um crescimento de 20% no consumo de vegetais, nos Estados Unidos, desde 1973. Não é à toa que a Burger King, a segunda maior cadeia de lanchonetes do mundo, resolveu fazer um teste e lançou, em 1996, um hambúrger de soja nos Estados Unidos. A empresa afirma que ainda não tem uma avaliação definitiva, mas considera que, até agora, o resultado tem sido “interessante”. (Neste caso, recomendo o hambúrguer de gérmen de trigo, pois a soja [leia aqui sobre a soja] também não é flor que se cheire!  Nossa Vida Verde...)
A força das hortaliças é ainda mais clara na Inglaterra, a meca mundial dos vegetarianos. Lá, mais de 5% da população já é adepta dessa religião alimentar. E, de acordo com um levantamento do Instituto Gallup, feito há dois anos, 46% dos ingleses estavam cortando a carne vermelha das refeições.
Fome de granola
Com essa fome de granola, não espanta que a Linda McCartney Foods, criada em 1991, tenha se tornado uma potência no ramo dos produtos veggies. A dona da empresa, ex-mulher do músico Paul McCartney, por triste ironia morreu em abril de câncer no seio. Mas a companhia viu seu faturamento crescer 800% em sete anos e já exporta para a Austrália e os Estados Unidos.
Não são apenas os vegetais que tendem a expulsar a proteína animal dos menus. A carne branca, representada pelo frango, também participa do movimento. Embora tenha uma quantidade um pouco menor de alguns minerais importantes, como zinco e ferro, é muito nutritiva e não tem tanta gordura quanto a dos bovinos. Além disso, não está sendo indiciada por causar doenças letais, como esta última.

“A redução no consumo da carne vermelha é mais acentuada nos países ricos”, explica o especialista em comércio internacional de alimentos Frank Fuller, da Universidade do Estado de Iowa, nos Estados Unidos. “Nesses países, existe uma busca crescente por cardápios mais saudáveis.” Já os pobres, que antes não tinham acesso à cara carne vermelha, estão se aproveitando da queda internacional dos preços. A carne bovina também ganha adeptos no Oriente, lembra Fuller. Os casos extremos, segundo ele, são o Japão e a Coréia do Sul. Na Coréia, o consumo mais do que dobrou em dez anos. Fuller suspeita que esses povos estejam, como retardatários, imitando o hábito ocidental de exagerar nos hambúrgueres e filés.
O que é grave. Segundo Cummings, o especialista de Cambridge, os cânceres do sistema digestivo, antes quase inexistentes, estão começando a aparecer com freqüência cada vez maior naqueles países. É sinal de que a troca de sua mesa tradicional, farta em peixes, pelo anacrônico modismo ocidental está custando caro. Não é bom negócio ignorar o julgamento dos médicos reunidos no Rio. Até que sejam apresentadas novas provas, fica valendo a sentença: o bife só pode se aproximar de seu prato de vez em quando.
Para saber mais
The Nutrition Desk Reference, Robert Garrison e Elizabeth Somer, Keats Pub, New Canaan, 1997.

The Vegetarian Life: How to Be a Veggie in a Meat-Eating World, Elizabeth Ferber, Berkley Pub Group, Berkley, 1998.

Na Internet: www.ganesa.com

Gases vigiados

Cientistas ingleses desmascaram um conluio de bactérias para criar células malignas.

1. Um voluntário fica numa sala lacrada, onde o ar entra e sai por tubos dotados de válvulas. Controlando o tubo de saída, sabe-se quais são os gases produzidos pelo sistema digestivo da cobaia.

2. Os cientistas dão ao cidadão uma dieta de carne vermelha, que contém enxofre e hidrogênio, e esperam, mais tarde, durante a checagem, encontrar este último entre os gases gerados na sala.

3. No final da experiência, entretanto, acham muito pouco hidrogênio e passam a desconfiar que ele poderia estar sendo consumido dentro do intestino do voluntário. Decidem procurar quem é o ladrão de gás.

4. Exames revelam bactérias chamadas dessulfovíbrio, capazes de combinar hidrogênio e enxofre para obter energia. Elas expelem um composto tóxico, o dióxido de enxofre, que é cancerígeno.

Trivial variado

Cada almoço e cada jantar devem oferecer uma boa diversidade.

Proteína
A matéria-prima do corpo. Com elas, você produz sangue e outras células. Ela está nas nas carnes, nos queijos, nos ovos... Mas também está presente em muitos vegetais, desde seja ingerida uma boa quantidade diária destes últimos.

Gordura
A grande vilã dos cardíacos não é de todo má. Sem ela, o corpo não absorve vitamina C. A recomendação é evitar excessos, especialmente a da pele de frango e da carne vermelha.

Energia
Os açúcares, encontrados nos doces e frutas, e os carboidratos, no milho, arroz e batatas,liberam nas células a energia que faz tudo funcionar. Três a cinco copos de cereais ao dia fornecem a quantidade de que você precisa.

Vitaminas e minerais
Fazem o corpo usar a comida sem desperdício. Frutas e verduras têm vitamina C; leite, cálcio; carne, vitamina B e ferro. A medida é três a cinco copos de folhas ou legumes picados.
Fibras
Duras demais, não são digeridas. Passam direto pelo intestino e varrem toda a sujeira. Estão em frutas, arroz, trigo, centeio, cevada. Você completa a cota com duas ou três maçãs ao dia.




Um comentário:

Pâmela Belliato disse...

Salve, Alessandra! Cheguei até seu blog pelo link que você postou na Matrice. Adorei o resgate da matéria. Os malefícios da carne para a saúde e o meio ambiente só não são mais divulgados porque a indústria da carne tem influência gigantesca em muitas áreas e patrocina muitos veículos de imprensa.
Parabéns pelo blog, vou divulgá-lo entre os sites interessantes listados na minha página.
Também tenho um blog, caso lhe interesse: holosecologiaintegral.blogspot.com
Abraços!