Na França o mais brilhante obstetra de uma importante época foi Francisco Moriceau, 1637-1709, e que primeiro foi cirurgião; escreveu um livro "Tratado de Doenças e Grávidas e Parturientes", que mereceu tradução para vários idiomas e por mais de 200 anos foi livro de texto na Europa e América. Neste livro Moriceau descreve magistralmente os quadros da eclampsia e da infecção puerperal, complicações quase sempre fatais até o fim do século XIX; deixou o pronóstico de parto segundo o tamanho e forma da pélvis, a manobra que leva seu nome para extração da "cabeça última", que se usa ainda hoje nas "apresentações pelvianas", descreveu os "lóquios" como produto de uma ferida uterina, a importância das circulares de cordão e falou da possibilidade de gravidez extra-uterina.
Não só os progressos devemos a Moriceau: para assistir à Rainha da França, fez trazerem uma tábua e a deitou, modificando assim a postura que por muitos e muitos anos haviam adotado mulheres de toda condição social e distinta localização geográfica. Quando foi perguntado por quê isso, responderam: "Porque o médico da rainha é velho, é gordo e tem gota"; e 300 anos depois, a maioria das mulheres do mundo ocidental todavia parem deitadas, mesmo que há tempos Moriceau morreu e portanto desapareceram "suas razões".
Fonte: "De partos y parteras, breve historia", Marta Garcia