sábado, 29 de novembro de 2008

Pesadelo : Meu filho não come comida? Como assim? (Muito bom!)



Mas neles dói ainda mais

As famílias, especialmente as mães, sofrem com os conflitos em torno da comida. Sofrem muito. Como escreveu uma delas: «É horroroso ter medo da hora de comer chegar».

Se a mãe tem medo, que terá seu filho? Por grande que seja sua angustia, lembre-se sempre que seu filho está sofrendo ainda mais. Não está te aborrecendo ou desafiando, não está te manipulando, não «sabe latim», não está mostrando seu espírito de oposição... Está, simplesmente, aterrorizado.

"Estou preocupada com meu filho (quinze meses) porque não come, retém a comida na boca e depois de um tempo joga para fora e não engole, faz tudo isso, só para de chorar quando paro de dar a comida."

Porque, para a mãe, sempre há uma porta, uma saída, um con­solo, uma esperança. Você está preocupada porque seu filho não come, angustiada porque teme que adoeça, constrangida por familiares e amigos que te observam fixamente e afirmam «este menino teria que comer mais», como acusando-a de ser uma desleixada. Se sente rejeitada por um filho que, incompreensivelmente, não aceita o que você oferece com tanto carinho; e se sente culpada quando seu filho chorar e pensa que está fazendo mal para ele... Mas também é verdade que você é uma pessoa adulta, com todos os recursos da inteligência, da educação e da experiência. Que conta com o amor e o apo­io de seus familiares e amigos, que, provavelmente, se colocaram contra você neste conflito. Que criar um filho, embora seja temporariamente o centro do seu mundo, no é seu úni­co mundo. Você tem uma história e um futuro, algumas afeições, talvez uma profissão. Tem, certa ou não, uma idéia que explica o que está acontecendo; sabe por que obriga seu filho a comer (embora talvez não saiba por que ele não come), e nos momentos de mais profunda desesperação não deixa de repetir para si mesma que tudo é para o bem dele. Tem, ainda, uma esperança, pois sabe que as crianças maiores comem sozinhas, e que esta eta­pa durará só alguns anos.

E seu filho? Que passado, que futuro, que educação, que amizades, que explicações racionais, que esperanças tem? Seu filho só tem a você.

Para um bebê, a mãe é tudo. É a segurança, o carinho, o calor, o alimento. Em seus braços é feliz; quando você se afasta, chora desesperado. Diante de qualquer necessidade, diante de qualquer dificuldade, só tem que chorar; sua mãe socorre na mesma hora e resolve tudo.

Há pouco tempo, entretanto, algo vai mal. Chora porque comeu muito, mas sua mãe, em vez de acudir-lo como sempre, tenta obrigar-lo a comer mais ainda. E cada vez é pior: a suave insistência do começo logo dá lugar a gritos, choros e ameaças. Seu filho não pode enten­der por quê. Ele não sabe se comeu mais ou menos do que disse o livro, ou do que disse o pediatra, ou do que come o filho da vizinha. Ele nunca escutou falar do cálcio, nem do ferro nem das vitaminas. Não pode entender que você crê fazer tudo isso só pelo seu bem. Só sabe que sua barriga dói de tanta comida, e mesmo assim lhe entalam mais ainda. Para ele, esta conduta de sua mãe é tão absolutamente incompreensível como se o maltratasse ou o deixasse passar a noite no quintal.

Muitos bebês passam horas, às vezes seis horas por dia, «comen­do», ou para falar a verdade, batalhando com sua mãe junto à um prato de comida. Não sabe por quê. Não sabe quanto isso vai durar (ou seja, crê que durará eternamente). Ninguém lhe dá a razão, ninguém o anima. A pessoa que ele mais gosta no mundo, a única pessoa em que pode confiar, parece ter se voltado contra ele. Seu mundo inteiro se desmorona.



As crianças pequenas, por mais que tentem, não podem comer a quantidade de verdura necessária, porque não cabe em seu estômago.

O leite materno tem70 calorias (quilocaloria, embora muita gente chame simplesmente «calorias») por 100 g; o arroz fer­vido 126 calorias, o grão-de-bico cozido 150 calorias, o frango 186 calorias, a babana 91 calorias... mas a maça tem 52 calorias por 100 g, a laranja 45, a cenoura cozida 27, a couve cozida 15, o espinafre cozido 20, as ervilhas verdes 15, o alface crú 17 calorias/100 g. E isso contando com que estejam bem escorridas; a sopa ou o triturado com a água do cozimento tem ainda menos «sus­tância».

Há alguns anos, um investigador teve a curiosidade de ana­lisar as papinhas de verduras com carne preparadas por várias mães madrilenhas para seus filhos; a concentração calórica média era de 50 calorias por 100 g. A média, porque algumas tinham apenas 30 calorias por 100 g. E isso com carne, imagine a verdura sozinha. Você ainda acha estranho que seu filho prefira o peito à papinha? Ainda acredita, quando lhe dizem que «esta criança tem que comer mais, só com o peito não vai engordar»?

Se isso tranquiliza, as crianças pequenas não parecem ter uma repugnância absoluta pelas verduras. Não é um problema de sabor. Muito mais que isso, normalmente aceitam bem una pequena quantidade de ver­duras, que são ricas em vários minerais e vitaminas de importân­cia. Porém sua dose normal parece ser de apenas poucas colheradas. Para alguns, como as verduras são muito «saudáveis», pretendem dar-lhes um prato inteiro. E, ofensa sobre ofensa, dar-lhes esse prato de verduras ao invés do peito ou da mamadeira, que tinham o triplo de calorias ou mais. «Querem me matar de fome», pensa o pequeno, que não sai do seu assombro; e, naturalmente, se nega a aceitar qualquer coisa. Começa a briga, e o pequenino pode criar tanta implicância com a fruta e com a verdura que logo, quando cresça caibam no estômago, tampouco vai querer.

Muitos deixam de comer com um ano

Como vimos, os bebês comem, em relação ao seu tamanho, muito mais que os adultos. Isso significa que, durante o processo em que se transformam em adultos, mais cedo ou mais tarde terão que começar a comer menos. Mais cedo do que tarde, para surpresa e terror de muitas mães. Os pequenos às vezes querem «deixar de comer», aproximadamente, ao completar o primeiro ano. Alguns já deixam de comer desde os nove meses; outros «aguentam» até um ano e meio ou dois anos. Alguns poucos nunca deixam de comer, enquanto outros «nunca comeram, desde que nasceram».

O motivo dessa mudança ao redor do primeiro ano é a diminuição da velocidade de crescimento, que já comentamos. No primeiro ano, os bebês engordam e crescem mais rapidamente do que em nenhuma outra época de sua vida extra-uterina. Durante o segundo ano, em compensação, o crescimento é muito mais lento: uns 9 cm, e um par de quilos. Assim temos que, dos três principais capítulos do gasto energético, a energia necessária para mover-se aumenta, porque o pequeno se move mais; e a necessária para se manter com vida também aumenta, porque o pequeno está maior. Mas a energia necessária para crescer diminui de forma espetacular, e o resultado é que o pequeno necessita comer o mes­mo ou menos. Segundo os cálculos dos experts, as crianças de um ano e meio comem um pouquinho mais do que os de nove meses; mas isso não passa de uma "média", e muitas crianças de um ano e meio comem, na verdade, menos que aos nove meses. Os pais, não informados deste feito, usam um raciocínio aparen­temente lógico: «Se com um ano come tanto, com dois comerá o dobro». Resultado: uma mãe tentando dar o dobro de comi­da a uma criança que necessita a metade ou menos. O conflito é inevi­tável e violento.

Até quando os pequenos seguem sem comer? A situação parece ser transitória. Aconselhadas por avós, vizinhas e pediatras, as mães parecem confiar "que seu filho mudará". Contudo, muitas crianças, aos cinco ou sete anos, ao aumentar seu tamanho corporal, começam a comer algo mais que antes. Porém não sempre é este pequeno aumento suficiente para acalmar as aspirações de suas famílias. Por uma parte, a quantidade de ali­mento que cada pessoa necessita é muito variável, e algumas crianças comem muito mais ou muito menos que seus companheiros da mesma idade e tamanho. Por outra parte, as expectativas dos pais podem ser também muito diferentes; algumas mães se con­formariam quando seu filho terminasse o prato de macarrão, outras esperam que depois do macarrão coma também uma bisteca com batatas, uma banana e um iogurte. Por um ou outro motivo, muitas crianças seguem «sem comer» até o início da adolescência. Então, quando o lento crescimento dos anos precedentes se converte em «a esticada», a rapaziada sente um insaciável apetite, e para assombro e alegria de suas mães, arrasam a geladeira e enfiam guela à dentro tudo o que encontram em uma só bocada.

Trecho extraido do livro "Meu filho não quer comer", pelo grandioso pediatra Carlos Gonzalez, traduzido do espanhol He-he


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Conversando com o papel pra tentar dormir melhor

O aguardar conforma-me.

Existe uma impaciência que domina o meu corpo, e a abstinência é um nome formal para explicar a sensação de não poder ir lá no meio de tudo, fazer algo por eles.

Tirar aquela água toda com as mãos talvez, salvar suas coisas, desafogar pessoas, ajudá-los a não sentir fome. Que faço?

Eu sou eles, eles são eu, parte minha.

Mas aí penso que poderia ser a estar lá no lugar deles. Aí sim penso que o melhor é esperarmos aqui quietos no nosso canto isolado.

Aqui na praia de Cabeçudas pouco foi atingido. A areia da praia sim, está destruída pela revanche do mar. Junto com árvores inteiras e sujeiras da própria natureza, encontram-se milhares e milhares de garrafas de plástico pet.

Sim, a Terra quer dizer que está cansada. Quem enxerga a mensagem? Mas este é outro patamar a ser discutido.

Precisamos pensar naquelas pessoas. O desgosto e desespero desenham sutilmente seus rostos. Esse retrato não sai mais da minha cabeça.

Nós aqui, eu e meu bebê, minha irmã, sua filha, esposo e a família dele; estamos protegidos e confortáveis. Mas andando por aí, é fácil deparar-se com pessoas um pouco perdidas, um pouco encontradas, talvez ainda não saibam para onde caminham ou o quê suas crianças vão comer : cada membro da família caminhando com uma sacolinha de supermercado na mão. O resto? Ficou para trás. Mais duro do que isso deve ser a perda de um ente querido.

Apesar de tudo, também estou meio perdida. Tinha compromissos com pessoas daqui. Mas não consigo parar de pensar em como devem estar, pessoas queridas e de bem. Quase todos os telefones não estão funcionando bem.

Mas e eu? O que é que eu posso fazer?

Tirar fotografias não me parece muito digno, a situação não é muito atrativa. Aliás, o jornal já se encarrega de retratar a calamidade, apesar de não conseguir alcançar uma intimidade focando um rosto judiado de um cidadão local.

À mim e minha irmã, nos tocou sair pela vizinhança pedindo alimentos, cobertores. Então, todos ajudando, e nós estamos juntando pouco a pouco e levando lá onde esperam muito.

Muito bonitinho, meu Alezinho pendurado no sling, sempre comigo, e juntos estamos vivendo isso tudo.

Estar vivo e à disposição é valioso.

E assim termino meu relato. Escrevendo me sinto melhor. Boa noite.

(25/11/2008, por volta das 23:00 horas)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

FÁTIMAAAAAAA !!!


Temos tanta coisa pra contar...
O Pequeno Príncipe parece querer ser um homenzinho já tão cedo, tem uma inteligência impressionante e uma força brutal admirável, seguida de um domínio e equilíbrio sobre o seu próprio corpo que é impressionante!

Muita coisa vem acontecendo; e cada vez mais me convenço de que aquela teoria de Leonardo Boff com suas reflexões sobre o tempo têm fundamento, e muito!!!

Porque o dia cotidiano parece MESMO não mais conter 24 horas ... Nossa! O tempo têm sido muito curto! Reflexos da maternidade tão somente?

Enfim, Me sinto em falta aqui no blog, preciso atualizar minhas colunas, dar continuidade à construção que estava fazendo acontecer. Não me abandonem, por favor! Preciso de estímulos!

E parece que terei que abrir um espaço aqui no blog só para letras de músicas que me inspiram, porque tenho tido algumas dominando minha mente como se fossem martelo! Umas em forma de protesto, outras de saudades, outras em forma de assumir-se uma identidade... Outras com palavras de puro amor e carinho.

E observando meu "mundo mundano", no dia-a-dia, me deparo com problemas - pra não dizer defeitos e/ou falhas - que só podem ser meu espelho para que eu implique tanto. Que mundo, que sociedade doente, carente, cega, enferma mesmo. Quanta sujeira, quanta estética, quanta devoção ao nada.

Enfim, a música inspiradora do dia é essa:

Vocês esperam uma intervenção divina

Mas não sabem que o tempo agora está contra vocês
Vocês se perdem no meio de tanto medo
De não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender

E vocês armam seus esquemas ilusórios

Continuam só fingindo que o mundo ninguém fez

Mas acontece que tudo tem começo

Se começa um dia acaba, eu tenho pena de vocês


E as ameaças de ataque nuclear

Bombas de neutrons não foi Deus quem fez

Alguém, alguém um dia vai se vingar

Vocês são vermes, pensam que são reis

Não quero ser como vocês

Eu não preciso mais

Eu já sei o que eu tenho que saber

E agora tanto faz


Três crianças sem dinheiro e sem moral

Não ouviram a voz suave que era uma lágrima

E se esqueceram de avisar pra todo mundo

Ela talvez tivesse um nome e era: Fátima

E de repente o vinho virou água

E a ferida não cicatrizou

E o limpo se sujou

E no terceiro dia ninguém ressuscitou


A inspiradora FÁTIMAAAAA!!!
Do capital Inicial, E em especial no episódio apaixonante acústico Mtv.
Porém essa canção é um espólio do Aborto Elétrico, composição: Fê Lemos e Renato Russo.